sábado, 30 de abril de 2011

Quando eu me perco!

Quando eu me perco


me encontro em ti.


Quando eu me perco


me encontro distante.


Quando eu me perco


me encontro feliz.


Quando eu me perco


me pergunto que fiz.


Quando eu me perco


me sinto louco.


Quando eu me perco


me sinto tão pouco.


Quando eu me perco


me pergunto que tanto.


Quando eu me perco


me situo para


que eu te veja melhor.


Quando eu me perco


me encontro na flor.


Quando eu me perco


me encontro na tua boca.


Quando eu me perco


me encontro no teu sexo.


Quando eu me perco


me encontro fora de mim.


Quando eu me perco


me encontro em você, Amor.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Detonautas - Inferno são os outros


Uma das melhores músicas que já ouvi.

Vou revelar um segredo: faz quase um ano que não ouço as rádios que dizem "tocar" o roque.

Por que será?


terça-feira, 26 de abril de 2011

Quero-te

Quero-te sobre os lençóis.
Quero-te sobre o colchão.
Quero-te sobre o meu peito.
Quero-te sobre o meu ombro.
Quero-te sobre as minhas conversas.
Quero-te sobre o meu corpo.
Quero-te nua sobre os meus olhos.
Quero-te sobre a minha respiração.
Quero-te cor do pecado.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Últimas palavras

A última vez que falamos abertamente sobre a gente, foi sobre um livro. Não vou aqui dizer qual livro que é. Mas um que te emprestei e que demorou uns três meses para começar a lê-lo.

Não desmarquei a página que parasse a leitura.

Queria entender como o destino é louco. Como ele nos pega de surpresa. Arruma e complica nossos caminhos. Complica? Bem, como o destino é misterioso. Assim como o último parágrafo do livro que lhe emprestei, que vou relatar aqui.

Lá vai:

No jardim todas as sombras vão aos poucos desaparecendo, tombadas pelo sol que sobe.

E foi assim: o meu sol está sumindo do teu caminho. O nosso ambiente está ficando frio como a minha sombra.


Daqui a pouco o sol nascerá por aqui e tudo pode acontecer.

domingo, 24 de abril de 2011

Dostoiévski e a Páscoa

Acabei de ler no dia de hoje a obra de Dostoiévski "Crime e Castigo".

Uma obra muito interessante. Duma escrita pesada, cheia de mistério.

Envolve a religião, as leis e todo aquele jogo de investigação de um crime cometido por um rapaz chamado Rodion Raskóllnikov.

Dostoiévski é lunático. E por ele ser assim, sua obra é maravilhosa.

sábado, 23 de abril de 2011

São Jorge - Arquivo blogs Abril

Todo ano, sempre no dia 23 de abril, deixo em meu blog registrado uma homenagem ao Santo Guerreiro: São jorge.

Hoje aqui, republico um poema que escrevi na época do blogs abril.

Viva o Santo Forte!





São Jorge é Santo Forte!
Aquele que com a espada
e o coração, destruiu o mal.

Então, desde lá seguimos
com a louvação para um Santo;
Santo Forte: São Jorge!

Seja São Jorge ou Ogum:
é o mesmo Santo Forte!

São Jorge: Santo Forte!
Ogum: Santo Forte!

São Jorge: uma Luz!
Ogum: uma luz!

São Jorge livrai-nos de todo mal,
que possamos com unhas e dentes,

Sempre ajudar o nosso mundo a ter mais luz.
Temos Fé (a força maior de qualquer humano).

São Jorge: Santo Forte!
Ogum: Santo Forte!

Amém!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Todo homem é a própria caça

Publico aqui em meu blog uma crônica que ainda não li. É do cronista Luís Henrique Pellanda que escreve semanalmente no site vidabreve.com


É uma crônica muito interessante. Vou ler:



Calculo que seja meio-dia. Cruzo a Osório com pressa, tenho pouco tempo para viver entre os turnos do expediente e, detrás de cada palmeira, me espreita uma cigana. Saltam pelo meu caminho, tentam me emboscar, se espalham pela praça anarquicamente, como os bombons de uma caixa violada, coloridas surpresas de Páscoa. São predadoras que se interpõem entre meu corpo e meu futuro; eu resisto à ameaça de suas mãos — vem cá —, ao enigma de seu sotaque, ao babado de seus vestidos — vem cá, vem? —, suas mangas bufantes e acetinadas — vem cá, menino! Não vou, não sou menino, menino onde? Procuro não mover o pescoço, congelo as sobrancelhas, comprimo os beiços, estoico. Basta, digo a mim mesmo, chega dessas aventuras de calçadão. Não as encaro, ciganinhas, mas sim, noto na periferia do meu olho direito uma sugestão agradável de celofane, um tilintar de pulseiras, pedras falsas, dentes de ouro — e por fim um salto, o bote de uma tigresa. Nossos sentidos são armadilhas embutidas na alma, penso. Todo homem é sua própria caça, e comigo não será diferente.
A garra me captura pelo antebraço e sou obrigado a interromper minha marcha vida afora. A fera tem unhas roxas e compridas, o rosto talhado em cobre duro, a voz mais bonita que a boca, os cabelos mais velhos que eu. Atrás de nós, o grande chafariz se desliga abruptamente — o que houve, quem o desligou? — e o mundo parece ficar mais silencioso; na verdade, não me lembro de silêncio mais vasto que aquele, tão devastador e, ao mesmo tempo, familiar. A cigana, imortal, se aproveita da mudez súbita das águas, fala baixo, só para mim:

— Uma mulher…

Não quero ouvir, deixo isso claro, tento libertar meu braço. Ela o aperta ainda mais, aquilo me irrita, me obriga a reagir, a me mover de modo agressivo.

— Uma mulher vai se atravessar no teu rumo.

Que novidade, respondo, e enfim, num arranco mais bruto do cotovelo, me livro de sua mão áspera, tchau, obrigado — vem cá, volta, menino! — e já retomo a direção da Avenida Luiz Xavier, rindo da ironia de ser amaldiçoado por uma cigana justamente ali, no bafo da Boca Maldita, e logo ao meio-dia, hora aberta e perigosa. Quer dizer, calculo que seja meio-dia e checo o antigo relógio da praça: nossa, os ponteiros enlouqueceram, correm no sentido anti-horário, o dos minutos na velocidade dos segundos, o das horas no pique dos minutos. Mas quem é que cuida desse relógio maluco?

Avanço, contrariando quaisquer vaticínios ou presságios, bons ou ruins. Não há retrocesso no tempo, não há remissão de erros, não há pecado nem redenção, não há ressurreição dos mortos. O que passou passou, ficou para trás, assim como a cigana rechaçada a se admirar no espelho d’água daquele chafariz silencioso — isso sim é o passado, uma miragem na superfície imóvel dos líquidos, sendo que até essa imobilidade é também uma imprecisão, uma mentira transparente, e tudo nela é um reflexo ficcional, uma cópia fluida e fugidia do que já foi, do que já fomos ou do que poderíamos ter sido. Por isso mesmo avanço, penso, por pura teimosia e fé, fé no poder das ficções e, se viro à esquerda na Ébano Pereira pela enésima vez na vida, é porque sou teimoso e tenho fé. Minha intenção é tomar um cafezinho, meu futuro é uma mesa circular de madeira escura, uma xícara fumegante diante de mim e, ao lado dela, um bom livro de Flannery O’Connor — outro espelho meu, vivo, de papel e de tinta.

Mas antes disso preciso enfrentar o meu destino. Está escrito: na porta do café, duas mulheres estarão discutindo, e será fácil notar que são prostitutas, ambas feias, doentes e minúsculas, e o sol forte zombará da debilidade de seus gritos, de sua ilusão de força, de sua violência de formigas solitárias. Não, não acompanho a lógica daquela briga, mal compreendo o que dizem as mulherzinhas, de que se acusam? Não sei, não peguei o começo do conflito, somente o seu final, e o epíteto que uma acaba por atirar à carantonha da outra:

— Sua puta! Puta aleijada!

A ofendida emudece por cinco segundos, como o chafariz da Praça Osório ao comando dos acasos, mas logo explode de novo, irrompe numa autodefesa absurda:

— E você, que é só puta? E você, que nem aleijada é?

Agora é o mundo que se cala e reequilibra frente ao abismo revelado por aquela acusação única, inédita. As duas se separam derrotadas, isso é evidente, e cada uma vai para um lado, a tal puta aleijada para o meu, no ombro descarnado uma bolsinha murcha, no olhar o lampejo de uma missão de vingança cumprida. De passagem por mim, que surpresa!, ela me interpela:

— Melhor ser puta e aleijada do que ser puta, puta e só puta.

Pode ser, não possuo condições técnicas para julgar aquilo, o horror de ser tripla e exclusivamente puta. Tampouco consigo detectar, naquela mulher que me atravessa o rumo, aleijão algum. Ela me parece tão perfeita ou insuficiente quanto eu.

Entro no café, me sento a uma mesa isolada, abro minha mochila e tiro, lá de dentro, o livro de Flannery O’Connor. Leio no índice a relação completa de seus contos, e o título de um deles me faz sorrir tristemente, nem sei por que motivo (se bem que a garçonete bonita já sabe, é claro que sabe, sabe que o meu sorriso, qualquer sorriso, aliás, só pode ser para ela). Leio:

— Os aleijados entrarão primeiro, página 554.

Entrarão, sem dúvida. Mas onde? E onde entraremos, todos nós, quando todas as possibilidades de futuro estiverem esgotadas? E isso lá é coisa que se pense enquanto o café nos desce goela abaixo?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Escute o meu silêncio

Descolar de algo é sempre difícil. Ainda mais quando vivemos diariamente com a cola sobre o nosso olhar e ouvido. Tentamos desviar de tudo que chama a atenção. É quase impossível. Mas devemos tornar possível para que assim consigamos seguir adiante.

É como se fosse numa batalha. E a real é uma batalha. Uma guerra interna. O nosso corpo demonstra tudo que sentimos. Nenhuma vírgula a menos ou a mais. É incrível como isso acontece. Em como o nosso corpo passa o que verdadeiramente estamos sentindo.

Nada engana o nosso corpo. Nada! Mesmo num silêncio ele fala. Humano demasiado humanos somos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Conto da Playboy

Não faz muito tempo que li esse conto da Fernanda Young.

Um conto erótico. Perfeito.

Espero que gostem.

Um Conto De Natal

A escritora e mulher sensual Fernanda Young, capa da PLAYBOY de novembro de 2009, aceitou nosso desafio e escreveu sua primeira narrativa curta. Com texto ácido, bem-humorado e deliciosamente erótico, ela prova que tamanho não é documento.


Ele era o tipo de homem que lê o conto da revista de mulher pelada, ou seja, um punheteiro sensível. Ela era o tipo de mulher que sonha em conhecer homens na banca de jornais no sábado de manhã, ou seja, uma solitária iludida. Feitos um para o outro, foi assim que se encontraram – folheando revistas lado a lado.

Ela, uma de decoração, pois sugere bom gosto e planos para um lar. Apresentaram-se, ambos milimetricamente tímidos: Luiz Sergio e Fabíola. Já ali, naquele primeiro instante, sabiam que iam transar. Chegaram mesmo – enquanto falavam coisas que não vale a pena contar – a se imaginar na cama. Um certo tipo de pecado, já que era antes de meio-dia e véspera de Natal. E ninguém ousa pensar em trepar com desconhecidos em plena luz do dia e diante do espírito natalino.

– Vai passar onde?
– Na casa dos meus pais. E você?
– Também. Um saco.
– Um saco.

Outra coisa a ser evitada: falar em saco querendo dizer saco diante de mil papais noéis com seus sacos. Deveriam rir da ironia? Acharam que não por motivos diferentes. Ele não confia em seu hálito assim tão de perto. Ela não gosta da própria risada, acha-a nervosa.

– Podemos nos encontrar depois.
- Depois da meia-noite?
- É.

Para trocar reclamações. Enfim puderam rir. Levados por esse alívio momentâneo, combinaram de se encontrar ali mesmo na banca de jornais. Quem chegasse primeiro esperaria o outro. Nem trocaram celulares para não estragar a magia; parecia coisa de filme com Tom Hanks e Meg Ryan. Pagaram suas revistas e se despediram risonhos. Nunca haviam se sentido tão felizes quanto nas horas seguintes, durante as quais anteciparam cada detalhe do que estava por acontecer.

Luiz Sergio imaginou que a vagina dela seria daquelas para dentro que você precisa lamber para encontrar a passagem. Fabíola previu um sexo aos solavancos bem lambuzado e fazendo barulho de pé afundando na lama. Ele bateu duas punhetas no chuveiro antes de se vestir com a melhor roupa: camisa social azul fresquinha, blazer Armani, calça cáqui americana, mocassim com franjinha. Ela se masturbou com o vibrador, mesmo com as pilhas falhando, assim que chegou em casa.

Tomou um banho revigorante, depilou-se com cuidado e experimentou todas as roupas até achar a perfeita: vestido Adria na Barra, lindo, leve, que a deixou com cara de mulher bem resolvida. Durante a ceia, eles comeram pouco para não pesar no estômago. Evitaram brigar com os pais para não estragar o clima. Não o clima natalino, o clima de sexo. Pensaram em sexo a noite inteira – em como chupariam, como enfiariam, como gozariam. Sentiam-se presenteados.

Tão almas gêmeas que utilizaram palitos de dentes superparecidos para tirar farof as superparecidas presas entre dentes iguaizinhos. Mal deu meia-noite, e já estavam beijando os pais e indo embora “morrendo de sono”. Ela quase se desesperou quando descobriu que haviam prendido seu carro na garagem. Berrou no interfone pelo porteiro, que abandonou os filhos sozinhos para manobrar a saída. Ele chegou à banca à meia-noite e 14, e estava vazia.

Ficou no carro esperando para fingir que estava chegando um pouco antes dela. E foi assaltado por dois manos em uma moto que levaram o carro com ele pulando para o banco de trás sob a mira de um revólver enferrujado. – Não me mate, por favor. É Natal. Fabíola chegou à banca à meianoite e 23. Esperou ansiosa até 10 para a 1, quando começou a desconfiar que ele não viesse. Lá pelas 20 para as 2, ela começou a chorar. Já não estava na banca, estava sentada no meio-fio da rua, próximo a seu carro.

A mocinha que trabalha na banca chegou a ir até lá para falar com ela e perguntar se estava tudo bem. Ela disse que sim, entrou no carro e foi para casa. Nunca mais acreditaria em contos de Natal. Luiz Sergio ficou sem o carro, mas o seguro cobriu – e ele ganhou uma ótima história. Fabíola resolveu passar o Réveillon em Salvador, deu para um mulatão e pegou uma coceira desagradável.

domingo, 17 de abril de 2011

Brigando

Estou brigando com o campo onde escrevo as postagens.

O espaço de cada frase está saindo maior do que o normal.

Vai entender o blogspot. :(

Poesia de Tico Sta Cruz

Não canso de ler um dos poemas mais belos que já li.



Foi escrita pelo Tico Santa Cruz. Vocal e compositor do Detonautas Roque Clube.



Poesia escrita em setembro de 2008.



O tempo que passa e a poesia sempre viva nos nossos dias.




Escancara-se para que eu te veja melhor

Mostre-me seus filhos, suas casas, seus móveis.
Mostre-me seus carros, seus gostos, suas posses.
Compartilhe comigo seus amores e sua paixão.
Abra a porta de seu casamento, de seus conflitos,
de seus temores, de seu coração.

Confie a mim sua esperteza e sabedoria.
Confie a mim suas dúvidas e fantasias.
Entregue aos meus olhos olhos seu corpo nu,
seus vícios, suas máscaras, seus dias de folga e de trabalho,
seus almoços e jantares caros.

Quero sua monotonia e sua diversão.
Quero saber com quem trepas e com quem não.
Conte-me sobre suas viagens ao exterior,
sobre suas compras, suas roupas, seus vestidos, seu novo amor.
Ofereça-me seus amigos e suas festas badaladas.
Quero saber de suas bebedeiras e sobre suas ciladas.

Diga-me com quem andas e por onde vai.
Diga-me sobre seus sonhos e sobre seus pais.
Coloque algo sobre seus animais de estimação
ou mesmo sobre sua última aparição na televisão.

Escancare sua vida para que eu possa lhe ver melhor.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Você 4

Você que surgiu como o pó, desaparecerá. E já desapareceu como um temporal.

domingo, 10 de abril de 2011

No blog do David Coimbra

Ontem mandei um email ao David Coimbra com o poema "Poeta". Ele publicou no mesmo dia. Estou muito feliz. Sem palavras. Foi um dos poemas mais belos que já escrevi. Obrigado, David Coimbra, pela publicação.

Refletindo

Quem nunca errou na vida? Quem nunca arriscou algo? Por que não arriscar viver algo? Por que deixar que o medo o domine? Por que não correr atrás do que queres viver? Por que ficar aí quieto, fingindo que nada mudou? Por que não reconhecer que erraste? Por quê? Por quê? Por que não arriscar viver tudo novamente? Por que deixar que uma crise derrube tudo?

Confesso que já errei muito nessa vida. E não deixarei de errar. Aprendi com os erros e procurarei fazer as coisas das maneiras mais corretas. O momento é outro. A vida nunca volta para trás. Ela sempre segue. E com os pensamentos, as ideias mudam. A gente se sente mais seguro, mais feliz. Chegamos perto da maturidade. Não choramos tanto. Mas choramos. Não reclamamos tanto. Mas reclamamos.

Tanta coisa nessa vida que queria corrigir e não poderei corrigir com o momento em que vivi. Tanta coisa nessa vida que queria novamente viver e não terei a chance para que isso aconteça. Tanta coisa nessa vida que vivi que devo olhar para a frente e seguir. Sem querer imaginar o futuro. Mas que com certeza o passado estará sempre presente em mim. Porque o fruto do passado eu sou. E do passado eu não me arrependo das coisas boas que fiz.


As coisas ruins eu esqueço porque não quero vivê-las. Mesmo sendo difícil. Mas devo esquecê-las. Assim como o dia que passou. Como farei isso? Vivendo o hoje. Vivendo sem querer imaginar, idealizar o que será do futuro. Viver a vida na loucura da alegria. Viver a vida como se aquele fosse o único momento. Apenas viver a vida. Apenas!

sábado, 9 de abril de 2011

Crônica de um bêbado

Sexta.


Toda sexta é dia da saideira com os amigos para um bar.


Fui.


Eu e mais dois amigos.


Bebemos, rimos e dançamos. A noite sempre é misteriosa.


Falamos sobre mulheres. Olhamos e paqueramos várias.


Dançamos todos os sons. Exceto rock e reggae que o local não tocava.


Ficamos até uma 00h:30 na General Pub.


Ontem Porto Alegre não fazia frio a noite. Estava com um clima ótimo.


Saímos de lá e cada um para o seu lado.


Cheguei na parada de ônibus e lembrei que o último da linha que utilizo fora sair 00h:30.


Liguei para minha casa para confirmar se eu estava correto. Estava.


Fui a um ponto de táxi e perguntei quanto que daria a corrida até o Partenon.


- Eu vou pelo taxímetro.

-Ok!- respondi.


Tomei uma decisão: vou ir a pé embora.


E fui.


Caminhei uns oito quilômetros para chegar em casa.


Deixei a noite me levar. Deixei que o prazer daquela aventura me tomasse por completo.


Não pensei em mais nada. Quer dizer, pensei nas coisas que acontecem comigo. Falei com o vazio todo o caminho até em casa. Estava neste instante sobre o efeito total do álcool. Mas nada fugia do que sentia e deixava de sentir.


Na banda tinha tomado muita cerveja.


Pensei em alguns poemas como acontece sempre. E no caminho me deparei com várias pessoas.


Teve um homem que me acompanhou por um tempo na caminhada.


Dizia que estava em regime semi-aberto e não era pedreiro. Pedreiro para quem não sabe é o usuário de crack. Me pediu alguns trocados. Disse que não tinha.


Segui o meu caminho.


Ele ficou para trás.


Foi assim a sexta de ontem. Estranha, misteriosa como a vida.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tristeza

É triste o que aconteceu no Rio de Janeiro. Onde um jovem descontrolado assassinou várias crianças numa escola. O censo foi realizado para que exista o controle de armas, mas assassinatos com armas de fogo continuam iguais. Há todo instante no mundo morrem vítimas da arma de fogo. Quando isso vai acabar? Silêncio.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Arainha

Uma arainha que faz a volta.

Uma arainha que faz a ida.

Que faz a volta e ida com suas teias.

Divina vida da arainha.

domingo, 3 de abril de 2011

Se te Queres

Álvaro de Campos


Se te queres matar, por que não te queres matar?

Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,

Se ousasse matar-me, também me mataria...

Ah, se ousares, ousa!

De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas

A que chamamos o mundo?

A cinematografia das horas representadas

Por atores de convenções e poses determinadas,

O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?

De que te serve o teu mundo interior que desconheces?

Talvez, matando-te, o conheças finalmente...

Talvez, acabando, comeces...

E, de qualquer forma, se te cansa seres,

Ah, cansa-te nobremente,

E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,

Não saúdes como eu a morte em literatura!


Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!

Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...

Sem ti correrá tudo sem ti.

Talvez seja pior para outros existires que matares-te...

Talvez peses mais durando, que deixando de durar...


A mágoa dos outros?...

Tens remorso adiantado

De que te chorem?

Descansa: pouco te chorarão...

O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,

Quando não são de coisas nossas,

Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,

Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...


Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda

Do mistério e da falta da tua vida falada...

Depois o horror do caixão visível e material,

E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.

Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,

Lamentando a pena de teres morrido,

E tu mera causa ocasional daquela carpidação,

Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...

Muito mais morto aqui que calculas,

Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,

E depois o princípio da morte da tua memória.

Há primeiro em todos um alívio

Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...

Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,

E a vida de todos os dias retoma o seu dia...


Depois, lentamente esqueceste.

Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:

Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.

Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.

Duas vezes no ano pensam em ti.

Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,

E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.


Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...

Se queres matar-te, mata-te...

Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ...

Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?


Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera

As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?


Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?

Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.

Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?


És importante para ti, porque é a ti que te sentes.

És tudo para ti, porque para ti és o universo,

E o próprio universo e os outros Satélites da tua subjetividade objetiva.

És importante para ti porque só tu és importante para ti.

E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?


Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?

Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,

Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?


Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?

Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente,

Torna-te parte carnal da terra e das coisas!

Dispersa-te, sistema físico-químico

De células noturnamente conscientes

Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,

Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,

Pela relva e a erva da proliferação dos seres,

Pela névoa atômica das coisas,

Pelas paredes turbihonantes

Do vácuo dinâmico do mundo...

Frase de Caio Fernando Abreu

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.


sábado, 2 de abril de 2011

Sou Eu

Hoje um dos principais sambistas do país, estará fazendo show em Poa.


Daqui a pouco no Pepsi on Stage em Porto Alegre.


Enquanto isso um link para curtirem um som do Diogo:


http://www.youtube.com/watch?v=D0W3wL7zAJ0