terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vai pro inferno

Arte de Felipe Rodrigues
            
            
             Diante de tanto fato para ser comentado, fico sem saber o que escrever.

             Não  falta assunto. Não falta conteúdo. É tanto que as vezes eles se repetem.

             É sobre a corrupção. É sobre a fome. É sobre a violência. É sobre o amor. É sobre a guerra. São plurais. Assuntos não hão de sumir da vida de quem ainda vive com a alma ligada sobre as coisas que andam acontecendo no mundo.

             E tocando na palavra "corrupção", qual me chama atenção, vejo que todas as manifestações são iguais. E essa passeata ou sei lá o quê, que ocorreu no Brasil, não servirá de nada, pois a nação é corrupta. Todos somos. Seja pequena. Ou grande. Corrupção é corrupção. É o ganho em cima de algo legal.

             Jamais ela sumirá. É na democracia, comunismo ou socialismo ela estará sempre presente. É como o céu.

             Mas uma coisa que pintou na minha cabeça agorinha, que pode ser algo errado, mas pensei e penso, que a Arte é a única coisa da vida humana que não é corrupta. 

             Perdoem-me Deuses das Artes se essa afirmação é nula.

             Viva a Arte! Dela que eu quero morrer. Vai pro inferno corrupção.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Estou apaixonado

               

                Estou apaixonado. Explico. Há alguns meses, observei essa minha paixão que começou pequenina como uma formiga e agora já assumiu uma forma que eu considero importante para ser manifestada.

                Começou com leituras de algumas palavras. Hoje em dia são textos sendo apreciados por mim que consigo captar a leveza com intensidade da escrita dessa paixão. E olha que para eu me apaixonar não é fácil. Sou exigente comigo. Não gosto do fácil. É como no ditado popular do que vem fácil vai fácil. Então, decidi ser rigoroso com o que eu gosto ou não.
                 
                Essa paixão, apesar de ter uma bagagem de leitura (leio com frequência a exatos cinco anos), é sobre as leituras das crônicas de Paulo Sant`Ana em Zero Hora. O cronista diario da mesma. Com suas emoções postas na última página todo santo dia de nossas vidas . Escritas para que possamos perceber como a vida é divina. Especial. É um toque para que percebermos que o comum é importante enquanto vivermos.
              
                Paulo Sant´Ana é gremista. Ex-delegado de polícia. Hoje? Um grande, um esplêndido colunista de ZH.
                 
                Paulo Sant´Ana apesar de sofrer de câncer, qual submete sessões de radioterapia todos os meses, não perdeu a sensibilidade, a visão sobre as pequenas coisas da vida e essa guerra que ele trava contra essa doença que mata várias pessoas no mundo, é mais uma prova de como ele é humano demasiado humano. É um exemplo para nós.
   
                Paulo Sant`Ana, é uma satisfação lê-lo. 

                Com admiração. 

domingo, 18 de setembro de 2011

Um sorriso amarelo


             O meu amado estado, Rio Grande do Sul, de Glórias, de riquezas culturais, quase um País dentro dum outro, comemorará nesta terça-feira (20 de Setembro de 2011), a Revolução Farroupilha. Todo o RGS está presente no Parque Harmonia. Para alguns: Acampamento Farroupilha. Para outros: Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. São vários nomes para este lugar, onde gaúchos ou não, aproveitam para desfrutar da comida campeira, para usar a sua bombacha, a sua bota, seu lenço, seu chapéu, enfim, seu vestimento tradicionalista.
 
             Poderíamos todos estarmos felizes, sorrindo. Cantando o nosso hino com todas "façanhas" alcançadas. Mostrando aos visitantes de outros estados ou Países como temos orgulho de sermos daqui. Mas não. Por quê? Porque estamos enfrentando o pior manifesto de indignação (e com toda razão) da nossa Polícia Militar com o seu salário miserável. Porque os nossos professores não receberam aumento de salário. As greves que sucederam em outros governos, continuam. Porque caímos na nota do Enem. Fomos para quarto lugar, sendo que em 2010, assumimos o posto de melhor ensino do País.

             Li essa semana que o nosso governador, Tarso Genro, está quase traindo o CPERS, que na época de ministro da educação, prometeu melhorias para os nossos herois da educação, e ainda não fez nada. Só promessas. Em sua campanha prometeu não seguir os governos anteriores que se lixavam para os educadores, mas passou-se nove meses e, não fiquei sabendo de nenhuma melhoria. Pelas palavras formais que li em Zero Hora, duma entrevista do excelentíssimo governador, percebi que ele quer programar ainda mais os nossos professores (como na canção do poeta Cazuza: Brasil) para sempre dizerem "sim, sim".
         

             Como é difícil dar aumento de salário ao professor e policial que educam e dão segurança as pessoas, né, senhor? É um sacrifício. Para a nação brasileira é assim. É o Brasil com s e o Brazil com z que são completamente diferentes lido hoje por essa pessoa que escreve num texto duma professora também em Zero Hora. É por mim o Rio Grande do Sul com s e o Rio Grande do Zul com z:o pobre e o rico.

             O dia 20 de Setembro de 2011 será celebrado por este de carne e osso, gaúcho de Três Passos, com um gosto amargo, com um sorriso amarelo. Com medo? Sim! Medo que em breve também poderei sofrer censura, qual anda sendo tão comum no nosso estado e País. Lamentável.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Estrangeiro, NÃO


Hoje se preparando para sair de casa, paro com os olhos num título de página do jornal Correio do Povo: " O Brasil é um exemplo de Democracia ".

Fiquei relendo essa frase por alguns minutos e pensando (porque não li o artigo) quem poderia ter dito essa frase que tem uma interrogação grande para mim. Por que tens essa dúvida? Porque somos obrigados a votar. Porque somos censurados de algumas verdades que acontecem por aí. Porque num país realmente democrático tu tens a livre expressão sem que alguém vai lá e mande tu calar a boca.
Não há Justiça envolvida em proibição de comentários sobre coisas que devem ser expostas como o poder público, onde é usado e abusado o dinheiro do povo.

Toco neste assunto porque fiquei sabendo em leituras que o Grupo RBS está proibido de citar o nome do Vereador Adenir Mengue Webber (DEM) que foi pego curtindo umas bandas nas Cataratas do Iguaçu, sendo que deveria estar fazendo curso no momento que frequentava a mesma. E ainda ele conseguiu fazer umas comprinhas no Paraguay. Esses passeios fora custeado com dinheiro público segundo as publicações: Farras das Diárias.

A proibição ao Grupo RBS de citar o nome do Vereador foi dada pelo desembargador Leonel Pires Ohlweiler, da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Imagine o que a "Justiça" faria com um cidadão comum?

Estrangeiro, NÃO vivemos num País Democrático. E jamais viveremos.

sábado, 10 de setembro de 2011

Aquele 11 de Setembro


Naquele 11 de Setembro de 2001, que ficou marcado na História do Mundo pelo ataque Terrorista contra a nação mais poderosa do planeta, os Estados Unidos da América, eu estava chegando em casa, depois da aula. Estava (se não me falha a memoria) na oitava série. Era um dia muito lindo pelas bandas de Porto Alegre. Céu azul com um sol que brilhava e brilhava.

Este dia que ficou para a historia completará amanhã dez anos com muitas outras Guerras que decorreu por causa desse terrorismo, que levou a morte o líder da rede que assumiu o ataque contra as duas Torres Gêmeas. Essas que eram o símbolo postal de New York. Naquele ato desumano (ataque terrorista), foram usados dois aviões contra as Torres. Lá funcionava centros comerciais de várias partes do mundo. Não foi somente um ataque aos EUA, mas ao, no bom inglês, World.

Nada foi e não será mais igual depois desse ódio que causou tantas mortes injustas. Porque os que devem ser penados com a morte, estão rindo do que aconteceu.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Uma mensagem aos leitores assassinos

Uma mensagem aos leitores assassinos é uma escrita de José Castello. Outro escritor que conheci no site vidabreve.com que a pouco deixou de existir.

Neste site conheci outros, e com isso, aumentou o meu número de leituras de escritores que escrevem poesias, ensaios, breves romances, romances e contos.

E como na outa publicação (por andar faltando tempo) resolvi publicar este texto para que chegue ao maior número de leitores essa escrita de José Castello que critica o leitor de hoje que não tem paciência em ler com calma, em cair numa reflexão, que é o objetivo (creio eu) de qualquer escritor fazer com que o leitor converse com o livro.


Mensagem a leitores assassinos


Em que medida somos nós, leitores, que destruímos a reputação de um livro? De que maneira leituras apressadas, indiferentes, superficiais, acabam por matar grandes livros? Sempre achei que o leitor não é só leitor, é co-autor dos livros que lê. Co-autor, mas pode ser também o assassino dos mesmos livros. Isso sem importar que sejam grandes livros, ou pequenos livros.

A propósito desses pensamentos, recordo o capítulo LXXI das "Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis. Chama-se "O senão do livro". É um dos muitos intervalos abertos por Machado para que seu narrador dialogue, francamente, diretamente, sem disfarces lamentáveis e sem gentilezas desnecessárias, com seu leitor.

Escreve Brás Cubas: "O maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem..."

Publicadas no ano de 1880 _ portanto há 131 anos! _, as "Memórias póstumas de Brás Cubas" carregam uma mensagem que atinge em cheio o peito engravatado _ ou decotado _ do leitor contemporâneo. Não só a ele, talvez nem mesmo a ele, mas aos mitos que o cercam. Dizem (os editores, os jornalistas, os revisores, os especilistas) que o leitor de hoje tem pressa e, portanto, não suporta, não pode aguentar, a lentidão. Repetem os pensamentos de Brás Cubas.

Repetem a reflexão de Brás Cubas quando afirmam que o estilo deve ser direto, "cinematográfico", capaz de sincronizar com o cinema, com a TV, com a internet. Em um mundo de imagens, as palavras devem se comportar como flashes. E mais nada. Nada de textos longos, nada de divagações, ou meditações, nenhuma reminiscência. Nenhum contorno, nenhuma reflexão, ou digressão, porque o leitor contemporâneo, sempre
apressado, sempre pragmático, impecável e prático, interessado apenas em consumir o sangue das palavras , não dispõe de tempo, nem de energias, tampouco de paciência, para coisas assim.

Dizem os redatores modernos que o estilo deve ser reto, evitando-se assim o vacilar dos ébrios. Como se a realidade tivesse a retidão de uma bula de medicamentos, ou de uma receita de bolo. Como se a vida se desenrolasse, firme e elegante, como uma passadeira turca! O
estilo deve ser claro (o leitor contemporâneo não tem paciência, nem tempo, para divagações, e além disso odeia pensar, não suporta o relativismo que define a arte). O leitor contemporâneo, dizem ainda, busca mensagens prontas, verdades simples e fechadas, dogmas se possível for. Lê _ quando lê _ em busca de um espelho brilhante e límpido, que reflita sem complicações a clareza da vida. Diz o leitor de hoje coisas assim e, sem saber, mas fazendo, repete as meditações de Brás Cubas.

O leitor contemporâneo, diz-se ainda, deseja regularidade e equilíbrio. Busca desempenho, preocupa-se, mais que tudo, com as performances! Ritmo regular, fluência inabalável, direção certeira. Clareza de propósitos, exemplos simples, passos firmes de executivo, ou de modelo de passarela. Ele quer ler, sim. Mas os escritores
atrapalham tudo com seus livros rebuscados, cheios de pensamentos, de divagações e de dúvidas. Ele ama os livros, mas livros que tenham a firmeza de um manual e que o ajudem a saber como usá-lo, com que meios e para quais propósitos. Os escritores, mais uma vez, atrapalham tudo! Fazem tudo ao contrário!

Cento e trinta e um anos depois, ainda prefiro a idéia que Machado leva à boa de Brás Cubas: será que o problema não está em nós, leitores? Não seremos nós, tantas vezes, com nossa pressa, nossa exigência de regularidade e de clareza, nosso pragmatismo, assassinos de livros? Tantas e tantas vezes, o problema de livros, grandes livros, não estará em nós, seus leitores?

Os calendários ainda insistem em me convencer de que Machado de Assis foi um escritor do século 19. Que nada! A cada ano que passa, Machado se torna nosso inseparável contemporâneo. Ele pode ser aquele vizinho estranho e solene que você, olhando-o só de banda, sem dar grande atenção ao coitado, considera só um chato! Cuidado: ele sabe muito mais a seu respeito, inocente leitor, do que você mesmo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Republicando

Estou sem tempo para escrever um outro texto por aqui...Enquanto isso, publico um texto dum escritor que conheci através do site que até pouco tempo existiu vidabreve.com, Humberto Werneck:

Nem aqui nem na Capadócia!

04 de setembro de 2011 | 0h 00
Humberto Werneck - O Estado de S.Paulo

Era eu redator-chefe da Playboy (sim, rapazes, ela mesma, aquela revista farta em cultura trans que vocês compram para ler interessantes artigos e entrevistas aprofundadas) quando, uma tarde, me liga a escritora Hilda Hilst, grande figura e escritora melhor ainda, porém dada a chamar em momentos pouco adequados. Foi o que aconteceu naquele dia de dezembro, em plena correria para fechar uma edição que deixaríamos pronta antes das férias coletivas. Em meio ao caos, lá estava ao telefone, chorosa, aquela que não sem bons motivos já chamei de minha amiga heavy metal.


A conversa também não era nova: Hilda se dizia financeiramente arruinada, e, uma vez mais, imprecava sem piedade contra pessoas que lhe haviam "tomado" terras. Ela vivia na Casa do Sol, perto de Campinas, outrora sede de uma propriedade rural que lhe viera às mãos como herança de família. No correr dos anos, quando seu saldo bancário emagrecia, Hilda ia passando nos cobres uns nacos de terra, com o que sua fazenda acabou praticamente resumida à Casa do Sol - bela construção em estilo espanholado que a escritora dividia com agregados (Caio Fernando Abreu foi um deles), o ex-marido e várias dezenas de cães recolhidos por aí.

Curiosamente, Hilda não parecia dar-se conta da relação que havia entre suas operações imobiliárias e o encolhimento da propriedade. Considerava-se lesada pelos compradores, uma gente solerte que a seu ver passava a perna na ingênua e desamparada escritora - e que por isso ela fustigava com rajadas de pragas e desaforos, cravejadas dos mais corrosivos e infamantes palavrões.

Naquele dezembro de 1994 Hilda estava outra vez sem dinheiro e vinha oferecer à Playboy um conto erótico de sua lavra, ainda por escrever, na linha daqueles que, fazia uns anos, lhe haviam valido notoriedade até literária. Sim, meu amor, resumiu ela cruamente, uma história com muita sacanagem. Mande lá, disse eu, confiante em que os leitores (a palavra talvez não seja bem esta) não ficariam descontentes se lhes servíssemos alguma prosa estimulante, além, claro, dos artigos interessantes e das entrevistas aprofundadas.

Confesso que não levei a sério a conversa - escaldado por experiências anteriores, imaginei que minutos depois Hilda, tendo conseguido em outra fonte a transfusão de que sua conta bancária precisava, já nem se lembraria do oferecimento da tal "história com muita sacanagem". Tinha sido assim em 1989, numa passagem que já contei: não menos chorosa, num leito de hospital, ela tanto insistiu que aceitei me transformar em seu cabo eleitoral na luta pelo troféu Juca Pato, de Intelectual do Ano, disputado também por "aquele padre", o cardeal Paulo Evaristo Arns. Perdeu, é claro - mas quando liguei, estava alegrinha, já nem se lembrava do "padre" e só faltou me consolar.

Dessa vez, porém, Hilda me surpreendeu: não se haviam passado duas horas quando me chegaram, por fax, as quatro laudas de um texto que, sem entrar no mérito da qualidade literária, resultara impublicável na Playboy. Havia nele, é verdade, uma "viscosidade no meio das coxas", mas me ocorreu que nosso leitor, ao se deparar com exotismos do tipo "deixa-me oscular tua rósea orquídea", talvez tivesse dificuldade em, digamos assim, ligar o nome à pessoa. A própria Hilda deve ter percebido a inconveniência, pois lá pelas tantas introduziu na história um personagem, Humberto, que pergunta: "Não tem um texto mais alegre?". A interlocutora, de nome Hilda, oferece sem muito entusiasmo uma alternativa: "Tem. O Cu do Sapo Liliu, mas é um texto infantil e não é inédito". "Então nada feito, Hilst", decido eu, ou melhor, Humberto. Hilda volta à carga: "Pera, pera, agora me lembro, tem este aqui" - e põe sob os olhos do interlocutor uma lauda intitulada Penis kapadocius, o que me deu o trabalho adicional de explicar à autora, agora na vida real, que o leitor da Playboy, supõe-se, não está interessado nessa mercadoria, ainda que capadócia. Tudo bem, disse Hilda Hilst, alegrinha de dar gosto.