segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Não destruam as paixões deles



Chamou-me atenção na semana passada (que mal acabou) a divulgação da avaliação realizada com estudantes do 3° ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas, que apontou que 44% deles chegam ao 4° ano sem saber ler e escrever adequadamente, sendo que, todos deveriam estar com a média de 100% tanto na leitura quanto na escrita nesta fase. O Sul se destacou na leitura. Mas ficou atrás do Sudeste na escrita. Ambas devem estar unidas: leitura e escrita. Uma melhora a outra. A interpretação das coisas da vida será melhor com essa união.

Mas bem, esta revelação da pesquisa feita pela ONG Todos pela Educação, fez com que eu voltasse ao meu tempo de estudante fundamental, onde eu ignorava totalmente a leitura e a escrita, e resolvia me puxar somente em Matemática, Estudos Sociais e Biologia. Lembro-me muito bem que eu tinha nojo de Português. Nojo da leitura. Mas não ligava para os conselhos de meu amigo Valmir (in memorian) que sempre falava para eu ler e escrever cada vez mais. Ele não cansava. Repito: não cansava de ficar em cima de mim para que eu escrevêsse uma redação decente, correta, com as concordâncias certas, com a pontuação no seu lugar. E essa cobrança saudável rendeu resultados que hoje estou aqui relatando algo de meu tempo de escola.

Estudei o meu ensino fundamental e médio em escolas públicas estaduais. A primeira delas foi na escola Travassos Alves, na Rua Chácara dos Bombeiros, localizada na Zona Leste da Capital de Porto Alegre, próximo a Coreia. Dei os meus primeiros passos nas letras, nos números, nos mapas e na História. Tive a minha primeira paixão. O nome dela eu não lembro mais. Não cheguei a entrar no Jardim. Fui direto para a primeira série. Rodei. Mas passei em todas e fiquei até a quarta série nesta instituição. Um total de 5 anos. A segunda delas foi a escola Dr. Martins Costa Júnior, na Rua Dona Firmina, também na Zona Leste e ambas próximas da minha casa. Frequentei da quinta até a oitava série. 4 anos. Tive a segunda paixão. Essa eu lembro o nome: Tatiana. Não tenho mais notícias dessa paixão desde quando estudávamos juntos. De lá parti para o famoso ensino médio. Frequentei duas escolas neste período. A primeira foi o Otávio Rocha, que fica na Guilherme Alves, bem próximo ao Morro da Conceição. Meu tempo nesta escola foi curto: 6 meses, e duas paixões: Priscila e Daiane. Saí dessa escola para poder trabalhar e me transferi para o Apeles Porto Alegre, turno da Noite, essa no Bairro Santana, na Rua São Manoel. Lá fiquei até a 3° série do 2° ano (ensino médio). 3 anos e uma paixão. Lisiane.

Não fiquei com nenhuma dessas paixões nestes tempos de estudante fundamental e médio.

Se eu tivesse (pode ser que sim ou não) gostado de ler e escrever nesta época, talvez teria mais sucesso com as gurias. Mas não aconteceu. Lamento? Não.

Mas voltando ao primeiro parágrafo deste texto que aponta que quarenta e quatro por cento dos estudantes chegam a quarta série sem saber ler e escrever corretamente, enquanto o governo não tratar a educação com seriedade, existirá isso. Como estamos carecas de saber, a diferença social existirá enquanto a população de baixa renda não ganhar uma educação de primeiro nível.

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Entre o ensino público e o privado a diferença é absurda. Vamos adiante. Somos brasileiros. Teremos milhões, bilhões para investirmos na Copa do Mundo que sediaremos em 2014. Essa preocupação governamental é vã. Eles ganharão mais grana com um povo ignorante, que não lê. O caminho para o sucesso de um país está na leitura.

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Por favor, professores, não vamos obrigar aos alunos lerem obras complexas da nossa bela e formidável Literatura. Porque neste período que relatei no texto, uma das coisas que me levava a ter nojo (hoje não existe) da leitura era por ler textos difíceis que me deixavam sem entender nada. Não destruam as paixões deles.

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