domingo, 30 de setembro de 2007

Caminhos reais, eis a sorte!

Caminhando pela rua de meu bairro,
eu me deparo com crianças brincando. Estavam brincando e pelo seus sorrisos estava muito boa a brincadeira que eles brincavam. Olho e vejo aquelas faces tão angelicais. Olho e continuo a observar bem suas atitudes perante está brincadeira. Eles brincavam sim, mas se divertiam com uma coisa muito séria. Aquelas crianças estavam brincando de polícia e bandido. Cada um simulava com toda perfeição a atividade do policial e a do bandido. Brincavam, só que em certos momentos gritavam de ódio o policial contra o bandido ou o bandido contra o policial, e dava para ver em seus olhos azuis, verdes e castanhos, a euforia por aquela prisão ou morte em suas atividades legais ou ilegais. Segui o meu caminho e fui pensando na minha infância, nos meus amigos, nos meus irmãos. Pensei e repensei. Cheguei num pensamento que me trouxe a tona essa brincadeira de criança, de policial e bandido, mas porém séria e que acontece ultimamente em qualquer bairro de classe baixa, média ou alta. Lembrei que eu também brinquei um dia de polícia e bandido. Somente brinquei, mas tive várias oportunidades de fazê-la ser real. Era uma brincadeira que nos trazia euforia e vontade de vencer, de prender o bandido ou também de matar o policial. Nada importava. Perder ou vencer, tinha o seu momento, e não nos importávamos com isso. Cada um procurava executar com cem por cento suas tarefas e isso era a vitória, isso é que dava gosto. Se salvar, não ficar preso, era sorte de cada um; não era a hora. No momento que pensava; ao mesmo tempo desse pensamento, dessas lembranças, eu me angustiava por ter brincado com coisas tão sérias, que levam vidas. Brinquei e aprendi muito. Nunca me envolvi em gangue ou algo que fosse criminoso. Sempre tive oportunidades de me envolver. Meus amigos me chamavam para fazer isso ou aquilo em certo lugar, mas por competência, por meus pais cuidarem de mim, me negarem certas regalias, eu nunca caí em emboscada do destino. Tive sorte! Agora aqueles amigos, melhor dizendo, conhecidos, pois amigo não quer destruir o outro, amigo não quer envolver o outro em um crime ou em qualquer outra coisa ilegal, amigo ouve e dá conselhos bons ao amigo. Infelizmente, amigo, de verdade, existem poucos e temos que estar bem atentos aos falsos. Muitos querem te fazer mal, poucos querem te fazer bem. Triste ter que dizer isso, mas os desumanos estão aí. Vivemos num país imenso em território e em desigualdade. Onde o mais forte vence sem barreiras, e o mais fraco sofre para ultrapassar as barreiras da desigualdade social. É, essa é a rotina. E até quando vai durar isso?Onde as crianças brincam de polícia e bandido, e seus pais acompanham as novelas, e deixam de educar seus filhos com educação. Ensinando-os a serem respeitosos com conhecidos, com estranhos e saberem ouvir os mais experientes. Elas brincam de história real, e que leva vidas. Mas as crianças não sabem que isso é real, que morrem policiais e bandidos a todo momento em qualquer lugar do mundo. Eu brinquei com esse surrealismo e me angustio por não ter a interrupção de meus pais nessas brincadeiras. Por que eles não me interromperam e me colocaram a ler um livro? Agora meus conhecidos estão presos, outros mortos, e outros fugitivos. Terá sido esolha própria, esse caminho de traficar, roubar? Muitos dos que conheço, são por uso de drogas e tráficos que estão naquela cadeia, jogados. Alguns tiveram a oportunidade de se repor a sociedade, mas como a sociedade é preconceituosa, ou por não terem alternativas a não ser o crime, acabam se envolvendo novamente, onde uns vivem e outros morrem. Tornam-se moscas do próprio destino. Tendo idas e vindas na carne podre, que é o crime, alimentados pelo preconceito e corrupção de nosso país. Moro num bairro de Poa, onde as três classes que destaquei, estão envolvidas. Tendo o bem e o mal, atitudes positivas e negativas, a riqueza e a pobreza, como companheiras fiéis umas das outras, me pergunto:
A história que eu construir, com minha família, vai mudar as coisas presentes?
Dúvidas!
O ser "homem" tem suas escolhas e só ele sabe o que escolher entre o certo e o errado.
Mas as escolhas podem se inverter.


Marcos Ster

Ps:Amigos, não deixem de lerem o post anterior!
Ps2:Amo as idéias que recebo através de seus comentários!

Ps3:Com a ajuda dum amigo meu, demos umas modificadas neste e no
texto de baixo, mas as idéias são as mesmas, os focos de cada um, não mudaram.

9 comentários:

Kari disse...

Tenho que dizer que tá muito bom? Mas tu já sabe, né? Então vou só comentar, apensar de que, tenho muito o que comentar, viu?

Quanto as crianças, é verdade que elas brincam com coisas tão sérias, mas elas não sabem o que é aquilo e parece que ninguém está disposto a ensiná-las. Me pergunto sempre, por que as pessoas resolvem ter filhos, já que estão sempre ocupadas com suas vidas e não teêm tempo para cuidar e nem ensinar. Vejo crianças fazendo escândalos em shoppings e quando procuro seus pais, esperando uma reação deles, não encontro, pois eles estão ocupados e quem sempre está com as crianças são as babás.
E talvez por ficarem sempre em segundo plano, por serem sempre "esquecidas" é que essas crianças acabam entrando no tráfico ou no crime. Talvez tenha lhes faltado amor, carinho, não sei...
Mas claro, o "homem" pode fazer escolhas, e mesmo com todas as dificuldades ele ainda pode escolher o bem ou o certo...
Mas isso depende de cada um, né?

Um beijão pra tu

Cadinho RoCo disse...

Vivemos momento de enorme rigidez. Se por um lado não devemos induzir a polícia a matar, por outro não devemos permitir que a bandidagem mate. Em meio a isso, o vazio na educação, constante ameaça. Mas, eis que surge publicação com belo recado, sobretudo para que pais e responsáveis por nossas crianças saibam direcionar essas brincadeiras que fucionan como verdadeiro pavio capaz de detonar a bomba de um amanhã que pode e deve e precisa de ser salvo.
http://cadinhoroco.loginstyle.com

Suelen disse...

Ahh, eu ando me sentindo um pouco sufocada com algumas coisas e por isso estou um pouco distante do blog!! Precisando respirar!!!
Mais pode deixar que não vou sumir definitivamente, é só um tempinho!!
Pode cobrar tá, rsrs!!

Bjão!!

Pripa Pontes disse...

Primeiramente obrigada pelo comentário lá no Rotineiro, sempre faz bem ver que nossas palavras estão gerando reflexões, n é verdade?
O texto está ótimo e é interessante mesmo a analogia da brincadeira infatil de "polícia e ladrão" com a realidade que vivencíamos e será que esses que hj são perseguidos ou perseguem já o fizeram em brincadeiras?
O pior, realmente, é ver que os pais n se preocupam com esse tipo de coisa, como muitos acham até bonito comprar revólveres de plásticos, que se paracem cada vez mais com os reais,para os seus filhos e os verem atirando por aí...quantos pais permitem ou nem mesmo sabem que seus filhos passam o dia na frente do computador "matando" policiais ou traficantes enquanto as vítimas imploram por suas vidas...
E eu me pergunto, onde foi parar o tempo em que se brincava de peão e impinra pipa?

Sim, lí tbm seu post anterior.Sempre tive vontade de ler O mundo de Sofia, mas nunca o fiz...e viajar pelos mundos se entragando à Filosofia é tão incrível, tão fantástico! Pena que sempre terminamos na realidade dura e desigual que vivenciamos em nosso país, porém é assim que abrimos nossa mente e saímos da alienação que muitos querem alimentar...
Parabéns pelos 2 posts!


Bjos.

Kari disse...

É, a síntese dos textos continuam iguais, mas as mudanças não são tão imperceptíveis assim. Não pra quem já havia lido os textos várias vezes... heheheh
E ei... qualquer mudança que tu possas fazer, são apenas para melhorar um texto que já estava tão bom.

Aprende comigo é? Também aprendo que só vindo aqui, visse?

Um beijão em tu

Flávia disse...

Algumas brincadeiras de criança tem uma dimensão tão séria que só atinamos para ela quando nos tornamos adultos.

Era divertido brincar de polícia e ladrão... mas, no mundo real, não há diversão em viver com medo, sem saber se engrossaremos as estatística de violência do dia seguinte. Não há diversão em perder aqueles que amamos, em existir cerceados, em não ter esperança no dia seguinte. Não há diversão na incerteza do futuro.

Beijos, querido.

Lais Camargo disse...

caramba! ficou bom mesmo! lembrou-me o estil odaquele livro que já devo ter-lhe indicado umas 4 vezes (a menina que roubava livros) nas cores, nos gestos, nas sensações, bem descritas e deslimitadas, como devem ser! vejo bem como está afinado com as palavras hoje!
(e as modificações no debaixo deixaram-no mais claro porém menos metafísico)
sopros de luz querido,
boa semana!
=**

Alexandre Hallais disse...

Fala meu brother!

Nossas crianças... eu tenho medo, mas deixarei meu peito aberto, mesmo que seja para morrer no lugar de nossas crianças...
Hoje é brincadeira, amanhã é verdade.
Sabe, eu cresci com alguns guris aqui no Rio e muitos morreram.
Sabe, os guris, quando criança, eram meus amigos. Jogávamos bola e brincávamos muito, mas crescemos.
Cada um foi para um lado. Eu fiquei do meu lado e eles escolheram outros...
morreram!
Assassinados pela polícia, ou pelos próprios bandidos. Eles deixaram de ser meus amigos e se transformaram em não sei o quê.
O último que faleceu, eu não acreditei.
A mãe chorou demais e eu ali parado.
Não sei não...
Essa brincadeira de polícia e ladrão...

Um abraço!

Alexandre Hallais

Fernanda Passos disse...

passando querendo mais textos. N comentei esse ainda pq o comentário que fiz no outro serve pros dois, penso.
;)
bj.