sábado, 10 de janeiro de 2009

INFORMAÇÕES


Marcos Seiter

Arte de Paul Klee



Meus irmãos estão na praia. Eu e minha mãe estamos em casa. Meu irmão, César, passará quase 20 dias longe de casa. O meu outro irmão, André, volta segunda-feira embora, em função do seu serviço.

Meu cão, Scubby, está em sua casa dormindo. O varal da área está sem roupa. As flores do jardim da minha mãe estão floridas. Não faz frio em Porto Alegre. Os tapetes de casa continuam nos mesmos lugares: no centro. Os dois sofás da sala estão como sempre: cheio de "coisas". As coisas são jornais, bolsas e roupas.

O chão do meu pátio de casa está molhado. As nuvens do céu já choraram um pouco. A terra já bebeu um pouco de água. O céu já anoiteceu.

A estante da sala continua com poeira. A poeira é a sua decoração. Os papéis em cima dela são os documentos pagos. Lembranças de contas. Algumas agendas com números de telefones velhos e novos também se encontram pela estante. Alguns números estão vivos. Outros mortos.

A parede do meu quarto continua desabando. O reboco está úmido. Parece mais queda de rendimento dum time de futebol, que viveu um primeiro semestre excelente e no segundo resolveu se acomodar, dando início a queda.

O meu corpo continua normal. Meus cílios continuam se entregando para as laterais do meu polegar. Eles me incomodam como a fantasia. Torna-se horripilante.

A minha boca acordou amarga e continua amarga. Minha barba continua crescendo.

8 comentários:

Αιακοσ Επυαλιοσ disse...

Gostei da idéia desse texto. Eu aprecio esse tipo de sutileza. Você encontrou uma maneira agradável de descrever o marasmo e a modorra. Muito bom.

∆٭♥∞

Kari disse...

Impressionante esse poder que as palavras tem! Coisas para alguns, tão banais, tornam-se algo tão bem de ser ler...
É a magia das palavras. Da junção das letras...
Sinto por aqueles que não conseguem entender...

Beijão pra tu!

Anônimo disse...

Marcos,

Conheci o seu blog através do poeta Adriano Nunes. Parabéns! Virei outras vezes sim.



***BABEL***


Éramos um emaranhado
De impulsos e todo universo
Parou: concreta construção
De sentimentos marginais.
Qual pecado nos salvaria?
Girávamos nus, sem amor,
Convulsos, confusos, alegres.



Beijos,
Cecile.

Luifel disse...

Rapaz,

Realmente a sua construção do tédio, marasmo, neste post está excelente. Quando a gte aprende a magia das palavras, até os sentimentos mais infimos ganham cara e "importância".

Abção!

[ rod ] ® disse...

É a vida que se encaminha aos poucos para vala comum de todos... mas de onde tiramos a flor da poesia se não do subconsciente fatal e unânime...

Abçs meu caro,





Novo Dogma:
bandEira...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

ADRIANO NUNES disse...

Marcos,

Passei aqui para dizer que entrevistei o poeta Antonio cicero e como você gosta de escrever e está sempre disposto a aprender, vá lá e se possível recomende aos seus amigos porque vale a pena ler o que o encantador Cicero nos diz!

Abração!
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

Caro Marcos,

Sinta-se à vontade. Pode postá-la sim porque eu e Cicero com certeza permitimos.


Abraço forte!
Adriano Nunes.

Nanda Nascimento disse...

Como a simplicidade do cotidiano se destaca entre as palavras e cresce aos nossos olhos.

Ei Marcos, espero que sua virada de ano tenha sido maravilhosa. Estava de férias mais já voltei, já li alguns dos seus post anteriores para ficar em dia.

Beijos e flores!