terça-feira, 1 de março de 2011

Décimo terceiro arquivo blogs abril - Saramago Eterno

Logo quando Saramago partiu deste mundo, escrevi este breve texto.
Perceberão minha tamanha paixão por sua escrita.
Quase uma semana da partida de Saramago deste mundo. Felizmente suas obras estarão presentes, para assim matarmos a saudade, a necessidade de conhecer novas ideias e um novo mundo, que obviamente, temos a oportunidade de conhecer. Sua partida foi pega de surpresa para o mundo todo. Eu não esperava. Tinha trabalhado na madrugada de quinta para sexta-feira, e recebi a mensagem da minha namorada dizendo que Saramago havia morrido. Li duas, três vezes a mensagem para entender que aquilo não fora só um pesadelo. E não foi. Era real. Logo quando acordei fui atrás de notícias sobre ele e então caí no mundo real, era verdade.

Fiquei triste e ainda me reflete essa perda. A primeira obra que fora ler de Saramago foi "Ensaio sobre a Cegueira". Esta obra que acabou virando filme, dirigido por Fernando Meirelles. Mas antes, fora pedir emprestado a um amigo, o livro "Ensaio sobre a Lucidez". Lembro que comecei a ler esta obra numa tarde de verão. Era domingo. Acomodei um tijolo como uma cadeira. Estava sendo sugado pelos pernilongos. Comecei a ler e lembro que não entendi nada. Na verdade tudo me confundia. Não sabia quem era quem, e quando iniciava e acabava cada pensamento. Desisti de ler, mas prometi para mim, que iria voltar a ler algum livro dele. E isso aconteceu.

Logo quando foi lançado o filme "Ensaio sobre a Cegueira", corri numa livraria e comprei este livro. Na época estava lendo a Triologia do Érico Verissimo. Ambos, sagrados da literatura universal. Demorei alguns meses até me concentrar, me entregar ao mundo de Saramago, lendo "Ensaio sobre a Cegueira". Onde uma epidemia branca ataca as pessoas, deixando-as cegas das coisas que acontecem. Onde uma alma feminina é a única que consegue ver as coisas que acontecem e esta acaba sendo a orientadora, o chão dos que não veem nada, mas que sentem cheiros, dor e fome. Refleti muito ao ler esta obra e procurando nos arquivos deste blog, encontrarão ideias que destacam meus sentimentos por cada leitura.

Mas é somente partir alguém de tamanha importância para o mundo, para que a mídia, pessoas, deem o devido valor. Celebridades leram obras dele. Políticos mandaram cartas com mensagens de afeto. Mas é tarde para reverter o que aconteceu. Portugal expulsou Saramago por causa do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", que até hoje o Vaticano critica duramente. A igreja Católica, esta que contribuiu para o extermínio de 6 milhões de judeus. Esta que proibi o casamento de gays. Esta que mete o nariz onde não é chamada. Que tem o Papa só para comentar o que todo mundo comenta, mas que se omite em revelar seu passado e presente negros.

Minha pobre mãe, de rica alma, me batizou na igreja Católica e fez com que seguisse todo um caminho de catequese e crisma. Nunca vi um padre falar sobre a história da igreja. Só sobre Deus e Jesus Cristo. Ora essa, quem não deve, não teme. Eles temem.

Em breve continuarei minha saga lendo Saramago. Buscarei "A Viagem do Elefante" e "A biografia de Saramago". Este último lançado agora pouco.

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