Qual é o decreto?

- Não. Isso é "pura"mentira.
- Como?
- Não teríamos coragem de fazer o que fizeram.
- O quê? De mentir?
- Não! De assassinarem uma criança!
- É?
- Pois é!
- Mas vocês não usaram essa fralda? Todos os laudos que a polícia apresentou vocês não confirmam?
- Estamos desconhecidos disso. Creíamos que um mosquito louco, entrou lá, e fez essa barbariedade com a minha...
- "Minha" o quê? - pergunta o repórter.
- Veja bem, nós deixamos e preparamos toda a casa para a festa do aniversário dela. Nossa família é muito unida. Muito unida. Muito unida.

De repente a entrevista é interrompida. O repórter é obrigado a sair do local onde fora fazer a entrevista de duas celebridades. Neste instante de desatenção e atenção por parte dos defensores em tirar o repórter e o câmara do local, o repórter deixa cair disfarçadamente no chão, um gravador, que ele propriamente fora ligar para ver se consegue alguma coisa nova. Saída tensa. Por fim este relato, após estarem defensores e as celebridades juntas.
- Vocês se saíram bem. Conseguiram manter a frieza neste calor que faz aqui no Rio. Um auxilio o outro. Muito bem! Ela chorava e tu falava. Tu gaguejava e ela falava. Termninando por assim, cada frase. Devemos toda a família, mantermos o mesmo script. Negarmos que exista o céu, a terra, a água e o fogo. Devemos esquecermos do tempo, pois logo começa a Olimpíada, e esse bando de analfabetos funcionais, delegados, juízes e quem for que seja, vão pensar em adiar e adiar sentenças. Vocês não esquecem que a nossa justiça, têm pessoas honestas que cumpram com suas obrigações. E com isso devemos mantermos todo cuidado do mundo. Sempre neguem e neguem.
- Mas isso vai dar certo amigo?
Quero me livrar dessa...
- "Olho por olho, dente por dente", em?
- Ele está certo.
- Podem confiar em nós. Vai demorar três ou cinco anos para julgarem esse... Com dinheiro, papel, caneta e burocracia, teremos muito o que enrolar. Vocês tem residência fixa, não são medíocres, saíram-se bem dessa... Não vê artistas, celebridades (vocês estão se tornando agora com toda essa mídia no caso) que matam, fazem o escarcéu? (Políticos entram nessa barca!) Eles ficam livres. Nem pisam lá no chão bruto.
- Realmente, tu tem uma idéia bem esquematizada de como é esse processo de lei.
- Vivemos num país democrata para os de classe alta. Vocês entram nessa. O resto é merda. Prometo a vocês que se por acaso ficarem presos por uns meses, ganharão bolo, viverão confortavelmente como manda a imagem de quem vê vocês. Nada de poeira, montoeira de gente pobre presa em roda de vocês. Terão televisão também para se distrair. Acreditem.
- Eu não quero que ninguém queime as mãos por nossa causa - responde uma das clebridades.

A gargalhadas se encerra a conversa. Como a tecnologia anda avançada que até chega a assustar, o repórter que fora fazer a entrevista, consegue gravar toda a conversa entre defensores e celebridades. Com mais essa prova o repórter entrega a polícia. E rapidamente em rede nacional o fato está rolando novamente. Na manhã seguinte, e igualmente outras após essa , segue os mesmas frases das celebridades e familiares.
- Não! Isso é mentira! Nada está provado.
- Mas as autoridades têm provas-alega um repórter.
Os defensores com óculos escuros e gravatas, dizem:
- Não foram corretas as acusações das autoridades perante nossos clientes.
- Justiça. Justiça. Justiça - grita um cidadão.
- Guevara depois de saber de todos esses fatos, com certeza já teria decidido qual lei seria posta nas celebridades - fala um outro cidadão.
- Bah, se a democracia fosse praticada com uma verdadeira transparência, o Comunismo teria seu espaço nas decisões como essa das "celebridades". Por que a Direita e a Esquerda não se unem e fazem esse país ir adiante nos fatos tão claros de se concretizarem? - opina um cidadão de sotaque gaúcho.
Calados os defesores ficam.
- Justiça. Justiça. Justiça - loucamente grita o povo brasileiro.



Marcos Ster