sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O VER E O SENTIR

Para Carlos Meinardi

Poema Inédito



Arte de Carlos Meinardi


Não sei onde no meu interior,
passeiam despercebidas palavras,
que não se encaixam com o meu exterior.

Eu, como centro dos dois mundos,
fico a nadar pedindo que não me deixem mudo.
Eu, como centro do branco e do preto,
peço que me deixem gritar "Que mundo!".

Eu, como centro da água e da terra,
tento molhar-me e sentir o chão.
Eu, como centro do lápis e do papel,
peço que me deixem riscar o céu.

Eu, como centro da criança e do adulto,
tento voltar ao passado destes mundos.
Eu, como centro do sexo e do amor,
peço que seja mais amor e sexo juntos.

Eu, como centro do ferro e do fogo,
peço que brilhem como estrelas,
e não como armas maléficas.

Eu, como sendo criatura humana
das mais profanas,tento viver
este mundo extrínseco, como se fosse o meu intrínseco,
fácil de sentir como o aroma na panela velha.

Eu, como sendo fruto do meu mundo mudo,
tento agora marcar-me para registrar
meu conflito com os dois mundos.



Marcos Seiter

5 comentários:

Kari disse...

Acho que esse conflito "externo/inteiro" não é privilégio só teu em...

"Eu, como centro do lápis e do papel,
peço que me deixem riscar o céu."

Lindo poema, meu bem!!!!

Beijos

Daniel F. Gontijo disse...

já me diziam que o homem é o produto de contradições...

Camila disse...

"Eu, como centro do ferro e do fogo,
peço que brilhem como estrelas,
e não como armas maléficas."
E assim o mundo se faria bem melhor e mais lindo!

Beijos!

[ rod ] ® disse...

O centro equilibrado de dois mundos. O antes e o após da discrepante alma... flutua entre o desejo e o sentir.

Bela arte entre palavras.

Grande Abçs meu caro,


Novo Dogma:
tO be...


dogMas...
dos atos, fatos e mitos...

http://do-gmas.blogspot.com/

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Adorei esse texto. Tem uma força incrível e se incide na questão de debate interior que nós humanos temos conosco.

Natural conflito.

Poema muito lindo.

:)

Grande abraço.

ps: tem festinha no blog. Passa lá pra comer bolinho. Conto com a sua presença.