domingo, 16 de outubro de 2011

Poesi 2

                                              

             Desde a quarta-feira passada, quando publiquei o poema de Tomas Tranströmer, o poeta do Nobel de Literatura de 2011, fiquei pensando na procura da Poesia. É claro que lembrei do poema de Drummond: "Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes. /Nem me reveles teus sentimentos, /que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem. /O que pensas e sentes, /isso ainda não é poesia."

             Poesia uma palavra tão curta, mas tão intensa para nós que apreciamos a beleza poética, que pode ser o que for, que sempre será Poesia. E na publicação de quarta-feira, onde prestei uma certa homenagem a esse poeta (Tomas Tranströmer) que é pouquíssimo conhecido no Brasil, e que teve vergonhasamente um poema só publicado por aqui, publiquei o título em sueco 'Poesi' que significa no bom português, Poesia. Creio que a alguns anos, alguém lerá este texto e se identificará com o anterior deste. Se identificará pelo fato de eu estar falando de Poesia e do poeta que foi Nobel em Literatura de 2011.

             E sobre a procura da poesia, aonde ela se encontra? Aonde ela se esconde? Aonde ela se infiltra? Como saber quando ela virá ao nosso ser? Que explosão de palavras em só uma na maioria da vezes que deixa os nossos seres eufóricos por sentir palavras tão fortes e muito bem trabalhadas? Não sabemos. Não temos como adivinhar. A Poesia é sentida. Tem o seu tempo. A sua maturidade. Poesia nada mais é do que o inusitado do inusitado. Aquilo que jamais imaginávamos que iria acontecer. Na realidade, Poesia pode ser tudo. Tudo!

             Leiam esses versos de Drummond do poema "Oficina irritada": "Eu quero compor um soneto duro/ como poeta algum ousara escrever./ Eu quero pintar um soneto escuro, /seco, abafado, difícil de ler./ Quero que meu soneto, no futuro, /não desperte em ninguém nenhum prazer. /E que, no seu maligno ar imaturo, /ao mesmo tempo saiba ser, não ser. /Esse meu verbo antipático e impuro /há de pungir, há de fazer sofrer, / tendão de Vênus sob o pedicuro. /Ninguém o lembrará: tiro no muro, /cão mijando no caos, enquanto / Arcturo,claro enigma, se deixa surpreender."

             O que é Poesia? É aquilo que deixamos florescer dentro da nossa alma. Que deixamos que cada palavra ou alegria, mesmo que seja a que não desejávamos, faça com a que a gente ria. Sabemos que o amanhã é uma surpresa. Ruim ou boa. Sabemos que tudo pode ser difícil ou fácil. E a Poesia e o Poeta estão aí para a gente ter um prazer maior na vida. Seja na dor ou na alegria. Faz parte.

             Leiam esses versos a seguir de um poema que escrevi em Outubro de 2008. E, amigos, faz um tempo danado que não escrevo poesias. Mas "deixo a vida me levar" como diz o poeta Zeca Pagodinho. E que assim seja. Poema "MENTE": " Minha mente é colorida. /Às vezes é suja. /Minha mente é animada. /Às vezes é chata. /Minha mente é círculo. /Às vezes é quadrado. /Minha mente é real. /Às vezes é sonho. /Minha mente é jogo. /Às vezes é nula. /Minha mente é esporte. /Às vezes é ditatorial. /Minha mente é razão. /Às vezes é ilusão. /Minha mente é coração. /Às vezes é emoção. /Minha mente é: /o presente da Natureza, /o travesseiro e sua beleza, /o voar dos passáros, /a cor das águas, /a tempestade, /o eco dos vazios, /o cheio do tudo, /Ela é o meu mundo: /o mundo de flores e espinhos, /o de guerras e paz, /o de humanos e máquinas, /um mundo que me enche de dor. /Um mundo de mudos sãos."

             Para uns são simples palavras. Para outros, um big ban, palavras maravilhosas e que expressam um pouco o sentimento desse mundo tão misterioso que vivemos. Poesia é isso. O tudo e o nada ao mesmo tempo.

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