quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Poesi


             Dia 12 de Outubro de 2011. Mais um dia. Dia das Crianças. Santas crianças. Dia da Padroeira do Brasil: Nossa Senhora Aparecida. Mais um dia. Mas não um dia qualquer. Senão não teria alguma justificativa para que escrevesse que hoje é 12 de Outubro de 2011. Dia das Crianças. Santas Crianças. Dia da Padroeira do Brasil: Nossa Senhora Aparecida.

             Bem, parei neste dia para fazer uma leitura gostosa da ZH. E lá encontro no Segundo Caderno, no texto escrito pelo crítico literário, Carlos André Moreira, dois belos poemas do Prêmio Nobel de Literatura de 2011, Tomas Tranströmer, sueco, psicólogo, qual é pouco conhecido no Brasil. E eu, sinceramente, não o conhecia. Conheci-o com a divulgação do Nobel de Literatura 2011. Mas aqui é possível entender porque ele é pouco conhecido: somos a nação que lê muito pouco. Em média por ano são 4,7 livros. É pouco para uma nação de 192 milhões de habitantes. E também (mais importante ainda) se tratando de poesia. Poucos lêem poesia. Quem vai querer encarar algo metafórico em sua frente? Só os loucos. Quem vai querer parar para sentir a sensibilidade duma rima, dumas palavras cotidianas, mas que nos transmitem uma imagem diferente daquilo que vivemos? Só os loucos. Sim. Somente os loucos. Porque gostar de poesia é loucura. E eu (como outros) sou apaixonado por essa loucura. Sou louco.

             Desde 1996 um poeta não ganhava esse esperado prêmio da literatura mundial. A poetisa Wislawa Szymborska(qual conheci a um mês e meio) foi quem tinha ganhado a última vez. Agora, Tomas, entra para o rol com as suas poesias.

Para amigos além de uma fronteira

I

Fui tão econômico em minha carta. Mas o que não pude escrever
Inflou e inflou como um antigo zepelim
E se perdeu, por fim, no céu noturno

II

Agora o censor está com a carta. Acende a lâmpada
Na luminosidade voam minhas palavras, como macacos na jaula
se sacodem, se aquietam, mostram os dentes!

III

Leiam nas entrelinhas.
Nos encontraremos em 200 anos
Quando caírem no esquecimento os microfones de hotel
e poderemos dormir feito moluscos.

Nenhum comentário: