Poema Inédito

Arte de Carlos Meinardi
Não sei onde no meu interior,
passeiam despercebidas palavras,
que não se encaixam com o meu exterior.
Eu, como centro dos dois mundos,
fico a nadar pedindo que não me deixem mudo.
Eu, como centro do branco e do preto,
peço que me deixem gritar "Que mundo!".
Eu, como centro da água e da terra,
tento molhar-me e sentir o chão.
Eu, como centro do lápis e do papel,
peço que me deixem riscar o céu.
Eu, como centro da criança e do adulto,
tento voltar ao passado destes mundos.
Eu, como centro do sexo e do amor,
peço que seja mais amor e sexo juntos.
Eu, como centro do ferro e do fogo,
peço que brilhem como estrelas,
e não como armas maléficas.
Eu, como sendo criatura humana
das mais profanas,tento viver
este mundo extrínseco, como se fosse o meu intrínseco,
fácil de sentir como o aroma na panela velha.
Eu, como sendo fruto do meu mundo mudo,
tento agora marcar-me para registrar
meu conflito com os dois mundos.
Marcos Seiter