Arte de Paul Klee
Marcos Seiter
Há dias que estou para escrever sobre o meu irmão, César.
Meu irmão, César, tem 20 anos. Está no segundo ano do Ensino Médio. Faz estágio a tarde no DAER, e a noite estuda. Tem Orkut e MSN. Tem amigos e amigas.
Todos os dias ele vai dormir tarde, da noite, e acorda lá pelas dez e meia da manhã. O galo para ele canta na hora em que ele acorda.
Diverte-se com os sons do Funk e do Pagode. São os sons preferido dele. Um por cento é o percentual de espaço que ele deixa para que o rock goze dele. Ele sabe do que gosta.
Nossos temperamentos são parecidos. Quando ele não quer falar com alguém, ignora a pessoa. Quando ele não está com ânimo para amigo, ele deita na cama e fica pensando na vida.
Eu em muitas situações de desgosto, fico assim, quieto, na minha e pensando no por quê e por quê de tal fato. Fico como a roda-gigante, rodando.
Meu irmão, César, é gremista. Não tem a camisa do Grêmio, assim como eu. É imperdoável que dois gremistas não tenham a camisa do clube do coração.
Eu sou do signo de Touro. Ele é do signo de Escorpião. Eu nasci dia primeiro de maio. Ele nasceu dia primeiro de novembro. Ele nasceu no ano de oitenta e oito. Eu nasci no ano de oitenta e cinco. O meu irmão é mais alto do que eu. Ele deve medir 1m e 75cm, enquanto eu 1m e 68cm. Baixinho sou.
Meu irmão, César, é o amigo mais sincero que eu tenho. Quando ele está bravo comigo, ele discute e me xinga. Assim como o xingo também. Não baixamos a retaguarda diante das nossas diferenças ideológicas. É a mais real sinceridade quando o ouço. Ele é direto. Gosto disso, apesar de ele ser mais claro somente em nossos conflitos.
Apesar de discutirmos, muitas vezes, por besteiras, somos amigos sinceros. Beijamos-nos no rosto. Abraçamos-nos calorosamente. Olhamos-nos nos olhos. Piscar por piscar. E através desses atos, possuimos uma aliança de amizade forte e verdadeira.
Para provar isso, dias atrás, ele pegou algumas coisas de cima da geladeira e colocou-as nos seus devidos lugares. Ajeitou o sofá com o pano que o cobre. Varreu a casa e colocou a sujeira na lixeira. Limpou o box do banheiro. Sem pressa e sem implicância com alguém. Nem implicou com os males nos objetos da casa. Seja objeto ou não, a paz reina por aqui. A minha visão sobre a organização dele, é de profunda admiração.
O pano que ele passava nos objetos para tirar o pó, era a nossa discussão desnecessária.